sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

FISIOTERAPIA  DESPORTIVA


A Fisioterapia Desportiva é uma das áreas de atuação do profissional fisioterapeuta na atualidade, o profissional inevitavelmente está sujeito a inúmeras e constantes pressões e cobranças em termos dos resultados de seu tratamento para um retorno funcional e no menor tempo possível do atleta à sua prática desportiva. As situações esportivas expõem ao mesmo tempo, sobrecargas posturais, forças excessivas e repetitividade.
A Fisioterapia Esportiva é um componente da Medicina Esportiva, sua prática e métodos são aplicados no caso de lesões causadas por esportes, com o propósito de recuperar, sanar e prevenir as lesões. A fisioterapia esportiva tem como objetivo principal devolver o atleta o mais rápido possível para a prática esportiva após uma lesão. O trabalho da fisioterapia desportiva é bastante diferente dos outros, pois tudo tem que ser muito rápido e funcionalmente mais efetivo, pois o atleta mais do que qualquer outro indivíduo precisará executar todas as funções do seu corpo, músculos, ossos e articulações, no máximo de potência e amplitude para execução perfeita de todos os movimentos. Dentro da fisioterapia do esporte é também importante a integração do trabalho estático com o treinamento do indivíduo através da reeducação dos atos motores específicos da modalidade. O fisioterapeuta através da avaliação clínica e funcional individualizada do atleta pode colaborar com o treinamento, orientando os indivíduos e respectivos treinadores quanto aos possíveis desequilíbrios musculares presentes e o desempenho biomecânico do esporte em questão. O aspecto preventivo no tratamento das lesões esportivas quer se discuta atividade física de alto desempenho quer como mero coadjuvante de tratamentos médicos é importante. Com a finalidade de atuar preventivamente a fisioterapia precisa redirecionar seu foco de atenção, usualmente centrado nas lesões já instaladas, para situações com possível risco para o aparelho músculo-esquelético.
A última década do século passado revela a aceleração das mudanças na prática esportiva. Consolida-se a ideia de esporte como direito de todos. Grupos até então pouco atendidos na questão da atividade física ganham mais atenção. Dois exemplos de tal transformação são a terceira idade e a pessoa portadora de deficiência.
Amplia-se o próprio conceito de esporte, desmembrado em esporte-participação (lazer) e esporte de rendimento (competição). O papel do Estado também se altera. Ele deixa de apenas tutelar as atividades esportivas. Passa a investir em recursos humanos e científicos. Além disso, no campo do alto rendimento, dá atenção especial às questões éticas, como o combate ao doping.
Com isso, vários pesquisadores das causas das lesões desportivas denunciam a incidência alarmante de sua ocorrência nos dias atuais, tornando fundamental a adequabilidade de ações para evitá-las. A propósito, esses estudos estimulam o conhecimento dos cuidados preventivos, visando a reduzir as lesões desportivas na prática de atividades físicas, havendo, portanto, a necessidade de identificar as variáveis determinantes dos danos a elas relacionados, em termos de padrão, traço e tipo ou da combinação de tais elementos.
Na realização de atividades físicas em geral, pouco uso se faz dos aplicativos dos estudos disponíveis sobre o problema discutido. É o que se registra, por exemplo, no campo de atuação da Fisioterapia e até mesmo da Educação Física ao considerar o trabalho de profissionais de ensino e dirigentes técnicos. Dessa forma, a população adepta a exercício físico, com propósito competitivo ou de recreação, fica a mercê dos riscos, ou seja, dos acidentes provenientes dessa prática.
Embora esses agravantes se apresentem, eles não pioram o problema nem são vistos como evidências para que o usuário seja afastado das atividades físicas, mas têm apontado para recomendações que garantam, minimamente, a segurança da comunidade esportiva.
Entre os autores não há unanimidade no enfoque do conceito de atividade física, assim, a atividade física, como qualquer manifestação humana, tem significado especial e diferenciado na espécie. Pode ser considerado como qualquer movimento produzido pelos músculos esqueléticos que resulta em gasto de energia.
Registra-se grande interesse por esses danos físicos nos mais variados grupos de pesquisa. Em considerável quantidade de investigações empreendidas hoje, na área de esporte e lazer, estuda-se o problema das lesões desportivas na tentativa de chegar a um consenso sobre lesões. Segundo a literatura científica, quando se conhecem as causas que levam ao aumento da incidência na ocorrência de lesões desportivas é possível adotar medidas de prevenção e/ou de cura para reduzir os problemas daí advindos. Essa ideia implica o pressuposto dos fatores causais na ocorrência do dano durante a prática de atividades físicas, mas também aponta os meios de evitá-lo ou diminuí-lo. É essencial que fisioterapeutas, educadores físicos e demais profissionais envolvidos com atividades físicas tenham conhecimento dos fatores causais agravantes, para acessarem as ações preventivas.
Dentre as lesões mais comuns estão as tendinites, lesões ligamentares, contusões e distensões, entorses, luxações e subluxações, fraturas e abrasões (Desgaste da pele por meio de algum processo mecânico inusital ou anormal), bolhas e calos, e cortes em geral.
O joelho é uma das articulações mais exigidas por quem pratica esporte, haja a vista o número de lesões de que se tem conhecimento hoje, e talvez por esse motivo o torne a articulação mais estudada. Uma história de dor, capaz de afastar para sempre o monstro sagrado dos esportes, o joelho e suas lesões afastam o atleta mesmo após uma cirurgia, ou mesmo uma história de incertezas, como a recuperação de alguns atletas famosos como o Ronaldo. A fisioterapia tem um papel muito importante dentro deste cenário, e para comprovar a constância de lesões de quem pratica esporte, estudos estão sendo feitos em várias universidades como USP, UfsCar entre outras.
O esporte para pessoas portadoras de deficiência foi criado em Ayeslesbury, na Inglaterra, quando o neurologista alemão, Ludwig Guttmann, cria o Centro Nacional de Lesionados Medulares do Hospital de Stoke Mandeville, visando a reabilitação dos  lesionados da 2º Guerra Mundial. No Brasil o esporte chegou em 1958, quando os paraplégicos Robson de Almeida Sampaio e Sérgio Delgrande, fundam respectivamente o Clube do Otimismo, no Rio de Janeiro e o Clube dos Paraplégicos, em São Paulo. Em 1975, para estruturar o esporte para portadores de deficiência, surgiu a Associação Nacional de Desporto para o Excepcional-ANDE, que agregava todo o tipo de deficiência. Em 1995 foi criado o CPB para representar e consolidar o esporte no cenário nacional e internacional, buscando a universalização de oportunidades para o acesso das pessoas portadoras de deficiência à prática esportiva.
O tratamento fisioterápico tem evoluído muito nos últimos anos. As imobilizações prolongadas com uso de gesso e repouso estão, à medida do possível, cedendo lugar a um tratamento funcional, onde exercícios orientados e atividades programadas tornam-se cada dia mais importante. Um dos mais graves problemas do atleta e do esportista de uma maneira geral é o seu retorno tardio e medo de reiniciar sua atividade esportiva.
Muito tem se falado sobre, a importância do esporte após a reabilitação, a musculação com o objetivo de manutenção da força muscular é um hábito adquirido por quem inicia um tratamento fisioterapêutico e pretende continuar a praticar seu esporte, ou iniciar um outro esporte após uma lesão. A luta pela reabilitação física e psicológica. A paciência de esperar a hora certa para voltar. O dia do retorno.
Na história da Fisioterapia esportiva no Brasil, Nivaldo Baldo teve um grande papel no desenvolvimento da fisioterapia esportiva, sendo um de seus precursores. Ele considera que muito dos atletas recorrem ao uso de produtos químicos, medicamentos, aditivos, hormônios animais, no intuito de não ficar no anonimato, onde as dificuldades sociais e econômicas predominam utilizando modernas técnicas de tratamento como a propriocepção (exercícios de equilíbrio onde o fisioterapeuta provoca reações de desequilíbrio em vários tipos de terrenos, exercícios subaquáticos em piscinas térmicas ou não e exercícios bem orientados) os profissionais dessa área vêm contribuindo para o retorno às atividades.
Segundo Nivaldo, quando um atleta submete-se a algum procedimento cirúrgico, é com o objetivo de deixá-lo igual ou melhor em sua performance física, profissional e esportiva anterior. Ele desde a década de 70 diz que: “joelho operado fica melhor ou pior, igual nunca mais.” E para ficar melhor, tem que ser muito bem operado e muito bem recuperado com procedimentos de avaliação que comprovem se realmente o atleta está melhor ou retorna com perdas na sua qualidade e na sua performance profissional – às vezes, com o encurtamento de tempo de carreira. Daí a figura do “bichado”, que se insere na história do futebol. Quando o atleta que não foi bem operado e nem bem recuperado volta ao exercício de sua profissão, ele, por algum tempo, garante apenas seus ganhos econômicos para alimentar necessidades reais, ou suas ganâncias pessoais, e as dos clubes, com imensos prejuízos para si.
A fisioterapia é parte importante do processo de reabilitação. Na ortopedia, traumatologia, reumatologia e medicina esportiva, a fisioterapia destaca-se em vários níveis de atenção à saúde. Entre eles: o preventivo, o assistencial (curativo) e o reabilitacional. Na medicina esportiva, a orientação fisioterápica abrange a preparação e treinamento do atleta, prevenção e tratamento das lesões e o retorno precoce às atividades. Essa reabilitação preconiza a mobilização articular, o trabalho muscular e a descarga de peso precoce, como atitudes a serem incorporadas ao processo de reabilitação através de exercícios dinâmicos e cinestésicos, a propriocepção.
A fisioterapia esportiva no Brasil serve como referência para os demais países do mundo, apesar dos poucos recursos tecnológicos que dispomos no momento. Nota-se que cada vez mais, cresce o número de profissionais que se dedicam a essa área, por se tratar também do esporte mais tradicional e mais praticado no Brasil.
O grande desafio do fisioterapeuta no meio esportivo, mais especificamente no futebol, é reabilitar num espaço muito reduzido de tempo, sem que isto acarrete nenhum prejuízo para o atleta. Uma outra função indispensável, que hoje vem sendo aplicada é a de reeducar o atleta e prepará-lo quando o mesmo faz parte das categorias de base. Esse processo acontece quando se acompanha um garoto, pois ainda em formação e o seu organismo pronto para sofrer as adaptações necessárias, o fisioterapeuta tem condições de corrigir nestes jogadores das categorias infanto-juvenis, possíveis deformidades ou assimetrias significativas que atrapalhariam sua performance futura. Um grande exemplo de preparação para jovens talentos do nosso futebol é no São Paulo Futebol Clube que, conta com um setor de referência mundial na fisiologia do Exercício, no entanto, outros clubes do futebol brasileiro cada vez mais, vêm adotando esta pratica terapêutica nas suas sedes. O São Paulo Futebol Clube tem uma estrutura tão impressionante que é comum encontrar atletas de times rivais se submeterem a tratamentos e treinamentos na sua sede.
A Fisioterapia Desportiva no Brasil evoluiu bastante, temos atletas de alto nível, temos fisioterapeutas em todas as categorias, que participam de Copa do Mundo ou de campeonatos mundiais de vôlei, basquete, handebol. A Sonafe, Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva, hoje vem suprir a necessidade que se tinha até alguns anos atrás, de organização e estruturação nesta área.
A fisioterapia ainda tem muito a contribuir.
Por: Dra. Juliana Prestes Mancuso – Fisioterapeuta

Nenhum comentário:

Postar um comentário