domingo, 12 de outubro de 2014

MTC

Os Seis Excessos
Segundo Maciocia (1994), as causas externas da patologia decorrem de fatores climáticos que são: vento, frio, calor de verão, umidade, secura, fogo. Eles são denominados “os seis climas excessivamente vitoriosos” e usualmente chamados de “Seis Excessos”. Estão intimamente relacionados com o tempo e as estações climáticas. Sob condições normais, o tempo não apresentará efeitos patológicos no organismo, uma vez que este pode se proteger adequadamente contra os fatores patogênicos exteriores. O tempo somente se torna uma causa patológica quando o equilíbrio entre o organismo e o meio ambiente for afetado, porque o tempo está excessivamente modificado, ou por causa da debilidade do organismo, em relação ao fator climático. Assim, podemos dizer que os fatores climáticos somente se tornam um fator patológico quando o organismo está prejudicado em relação eles. É importante enfatizar que o organismo está debilitado apenas em relação ao fator climático, não necessariamente a debilidade de forma fundamental. Em outras palavras, a pessoa não precisa estar debilitada para ser invadida por pelos agentes patogênicos externos. Uma pessoa relativamente saudável também pode ser invadida por estes, se forem mais fortes que a resistência do organismo. Assim, a força relativa dos fatores climáticos e o qi defensivo são muito importantes.
Os fatores climáticos diferem em alguns aspectos das causas patológicas, na medida em que eles denotam tanto causa como padrões patológicos. Quando dizemos que uma determinada condição é decorrente de um ataque exterior de vento-calor, estamos querendo dizer duas: Primeiro, que o Vento-Calor exterior é a coisa, e segundo, que ela se manifeste como Vento-Calor. Os elementos climáticos atuais apresentam uma influencia direta sobre o organismo, originando manifestações climáticas observadas pelos médicos chineses há muitos séculos.
A condição básica da pessoa também determina o tipo de padrão exterior que irá se originar. Uma pessoa com tendência ao calor provavelmente mostrará sintomas de vento-calor se ela for invadida pelo vento exterior. Por outro lado, uma pessoa com tendência a deficiência do Yang exibira sintomas de Vento-Frio se for atacada pelo vento exterior.Isso explica como alguém pode apresentar sintomas de vento-calor no meio de um Inverno extremamente frio, ou sintomas de vento-frio no meio de um dos maiores tórridos verões.
As temperaturas artificiais criados pelo homem, como ar condicionado, também podem causar patologias. O ar condicionado pode causar sintomas de ataque do vento exterior. Por exemplo, se alguém entra num local em que haja ar condicionado, vindo de um lugar muito quente, os poros da pessoa abrirão decorrentes da transpiração, fazendo com que a pele da pessoa fique mais vulnerável aos ataques do vento. O calor e a secura excessivos em alguns locais com aquecedor central também podem causar sintomas de ataque de vento-calor. Os fatores climáticos também incluem os que os chineses chamam de “fatores patogênicos epidêmicos” exteriores. Estes não são diferentes qualitativamente que os outros fatores climáticos, mas são infecciosos e freqüentemente mais virulentos.
Na verdade, qualquer um dos fatores climáticos pode acontecer em qualquer estação climática: não é totalmente incomum acontecer ataques de verão-calor no inverno ou de vento-frio no verão. As condições de moradia também determinam qual fator climático ira invadir o organismo. Por exemplo, viver numa casa úmida causara invasão de umidade exterior independente da estação climática.
Uma vez dentro do organismo, os fatores patogênicos exteriores podem mudar completamente sua natureza. Por exemplo, vento-frio pode se transformar, o calor, umidade pode facilmente gerar calor, fogo e calor podem causar secura enquanto que o calor externo pode provocar Vento.
Finalmente, alguns fatores patogênicos internamente produzidos originam manifestações clínicas similares aquelas causadas pelos fatores climáticos exteriores.
Cada um dos fatores climáticos causa uma determinada manifestação clinica típica de um clima especifico. Um médico experiente da medicina chinesa será capaz de identificar a causa patológica a partir das manifestações.
Embora as causas climáticas das patologias sejam importantes, na prática, os fatores patogênicos exteriores, tais como vento-calor ou vento-frio são clinicamente relevantes como padrões de desarmonia, e não como causas. Em outras palavras, embora possa ser dito que a causa do padrão vento-calor seja vento e calor climáticos, é o padrão de vento-calor que é clinicamente relevante e requer tratamento. .
Segundo Dulcetti (2001) no pentagrama com a representação dos cinco elementos, encontram-se as Energias associadas e ordenadas em perfeita interação.
As energias “perversas” de natureza yang são as energias “vento”, análogas as energias humanas yang, como ocorre com a energia de defesa do corpo (wei), também são yang, por isso, podem as energias vento afetá-la (a de defesa) com mais facilidade.
As energias perversas de características predominantemente yin são as energias do “frio” e seu movimento energético provoca: condensação, concentração, redução de atividade. O excesso destes movimentos torna-o “nocivo ou perverso” .
Segundo Auteroche (1992) atualmente, além das características climáticas, os 6 excessos abrangem as manifestações patológicas provocadas por fatores biológicos (micróbios, vírus), físicos ou químicos, que atuam sobre o organismo.

II. 1. O Vento
O vento é o qi principal da primavera, porém pode se produzir em quaisquer estações. Seu agente patogênico pode ser, seja um vento externo, seja um vento interno.
O vento externo causa uma doença por agressão ao organismo, a partir de um fator oriundo da circunvizinhança física. Para o vento interno, a cauda reside em mau funcionamento do fígado. Todos os ventos pertencem ao Fígado.
Natureza e características do agente patogênico Vento
A) ”O vento está no inicio de numerosas doenças”. (Su Wen, cap.42). O Vento é o fator patogênico principal dos seis excessos. O frio, a umidade, a Secura, o Calor agridem o organismo apoiando-se no Vento e formam as síndromes vento-frio, vento-calor, vento-umidade, vento-secura.
B) O vento é um fator yang, cuja natureza é de “abrir e fazer escoar”.
A natureza do vento é o movimento. Não permanece no lugar, eleva-se e vai para o exterior, eis porque é um fator yang.
As características do vento o obrigam muitas vezes a prejudicar a parte superior (cabeça e alto do corpo) e o invólucro muscular (ji biao).
C) A natureza do Vento é de deslocar e de se transformar. Observa-se muitas vezes dores articulares que se deslocam, a dor não é fixa, é a manifestação de uma abundância moderada do Qi do Vento.

Síndromes do Vento
Doenças do vento externo:
Ataque pelo vento: febre, temor (wu do vento, suor, pulso superficial e lento, ou garganta irritada, tosse, nariz tapado.
Dores articulares erráticas fengbBi, xing bi. Edemas do vento (feng shui). Manifestações agudas: febre, temor do Vento, edema generalizado, ossos e articulações doloridos, oligúria. Urticárias (feng Jjng). Pele que coça, comichões que se deslocam em ponto fixo.
Doenças do vento interno:
Sintomas principais: ofuscação da vista, vertigens, espasmos dos membros, perda do sentido brutal, olhos e bocas entortados, hemiplegia.
Causas: A produção do vento interno é essencialmente uma manifestação da patologia do fígado. Com efeito, o fígado tem como função guardar o sangue, espargir o jing nos olhos, difundir o qi nos tendões e ter ação na atividade mental.
O vento interno pode também ser causado pelo “vazio de yin, falta de sangue.” O vento interno pode também ser devido a uma abundancia demasiada de calor que queima o meridiano do fígado e põe o vento em movimento.

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